quinta-feira, 28 de março de 2013
As famílias agem com mais cautela diante do crédito
Entre janeiro e fevereiro, as concessões de crédito diminuíram 7,9% para as pessoas físicas e 2,1% para as jurídicas. Caíram as operações de custo muito elevado, como os financiamentos no cartão de crédito, mas também os empréstimos para a compra de veículos. No caso das empresas, a queda foi atribuída ao fato de os desembolsos do BNDES terem sido menores, segundo nota do Banco Central.
O estoque de crédito, no entanto, influenciado pelo lançamento dos encargos, aumentou 0,7% no mês (0,5%, para pessoas físicas, e 0,9%, para empresas). Os porcentuais são muito próximos à taxa de inflação (o IPCA foi de 0,6%, em fevereiro), o que aponta para uma quase estabilização do crédito. Como proporção do PIB, o estoque das operações de crédito foi igual (53,4%) nos dois meses, abaixo dos 53,8% de dezembro.
Ocorre que em fevereiro houve quatro dias úteis a menos do que em janeiro, um fator decisivo para a queda das operações. E, ajustado para o número de dias úteis, o crédito aumentou tanto em relação a janeiro como a fevereiro de 2012.
Ainda assim, há indícios de que as pessoas físicas estejam mais prudentes na tomada de empréstimos. E essa cautela, caso se confirme nos próximos meses, poderá facilitar uma redução mais acelerada dos índices de inadimplência, seguindo-se à já verificada em fevereiro. A prudência das pessoas físicas é fenômeno natural, em razão do aumento das incertezas econômicas, embora estas não tenham transbordado para o emprego. As pessoas físicas têm de levar em conta o aumento das taxas de juros, da média geral de 24,7% ao ano para 24,9% ao ano, entre janeiro e fevereiro (para as empresas, os juros ficaram estáveis).
Um dado positivo é a queda da taxa de inadimplência nas operações com pessoas físicas: declinou de 8%, em dezembro, para 7,9%, em janeiro, e 7,7%, em fevereiro. Ainda é alta, mas a tendência é positiva.
O que parece estar em curso é um deslocamento dos empréstimos destinados ao consumo para os que envolvem investimentos, como os empréstimos imobiliários tomados pelas pessoas físicas e o crédito rural tomado pelas pessoas jurídicas.
Cabe indagar se muitos consumidores já adiam a troca de automóvel ou a compra de um novo eletrônico ou eletrodoméstico. Este pode ser um fato transitório, por causa de outras despesas de início de ano, mas também uma decorrência de que alguns preços subiram demais e fecharam brechas para novas dívidas. Nas duas hipóteses, o mais sensato é equilibrar o orçamento doméstico.
Fonte: O Estado de São Paulo - SP
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