quarta-feira, 13 de março de 2013
Números bons da indústria ainda não dão segurança
Maior utilização da capacidade instalada, mais horas trabalhadas e, em especial, faturamento real 5% superior ao do mesmo mês de 2012 foram registrados nos Indicadores Industriais de janeiro, divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Outros dados, no entanto, deixam a desejar, e fica a dúvida sobre se os resultados favoráveis vão perdurar. Isso porque pelo menos o departamento econômico de um grande banco estima que a indústria teve um declínio da ordem de 1,6% em fevereiro.
A massa salarial real registrou um acréscimo de apenas 0,9%, comparada à do mesmo mês do ano passado. O impacto da inflação nos salários tornou-se indubitável e, provavelmente, continuou forte no mês passado, quando o IPCA foi de 0,6%. O rendimento médio real caiu pela primeira vez em quatro meses (-0,4% sobre dezembro). É possível que os números da CNI tenham sido levados em conta pelo governo ao antecipar o corte de tributos sobre a cesta básica. Sem o corte, a perda de poder aquisitivo dos salários se acentuaria.
O emprego industrial diminuiu 0,4% tanto em relação a dezembro quanto a janeiro de 2012. Se a indústria evitou cortar pessoal no ano passado, para não perder trabalhadores qualificados, é provável que adie as novas contratações até que a retomada se defina.
Quando descartadas as sazonalidades, os dados de janeiro se agravam: o faturamento real declinou 4,2% em relação a dezembro, retroagindo a níveis próximos aos de setembro de 2012. Uma sucessão de altas e quedas dificulta a previsibilidade do setor e pode retardar os investimentos.
O ponto mais positivo é a utilização de 84% da capacidade instalada, segundo dados dessazonalizados, com crescimento de 2,8 pontos porcentuais em relação a janeiro de 2012. Houve melhoria do uso da capacidade em relação a dezembro, o que pode estar relacionado com a reposição de estoques. A indústria parece estar operando com maiores margens de segurança.
Os números da CNI não são comparáveis com os do IBGE, calculados com outra metodologia e mais positivos. O IBGE apurou avanço de 2,5% na produção industrial, em relação a dezembro, e de 5,7%, em 12 meses, em relação aos 12 meses anteriores.
O ambiente é mais favorável para a indústria, notou o gerente de Política Econômica da entidade, Flávio Castello Branco. Mas medidas de desoneração geral, como a da energia elétrica, não bastarão, se tributos, inflação e câmbio continuarem reduzindo a competitividade do produto local.
Fonte: O Estado de São Paulo - SP
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