sexta-feira, 24 de maio de 2013
Diretor-geral da OMC critica negociações feitas pela entidade nos últimos 20 anos
O embaixador Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, condenou hoje (23) a paralisia das negociações multilaterais na OMC (Organização Mundial do Comércio), lembrando que há uma “escassez” de tempo em busca da retomada dessas negociações.
Ele destacou que há 20 anos não há negociações bem-sucedidas na âmbito da OMC que, em sua opinião, deixou de evoluir e acompanhar as mudanças na realidade mundial. Azevêdo reiterou que se não houver empenho para fortalecer as negociações multilaterais, a tendência é que sejam firmados acordos fora do órgão. “Eu assumo a organização importante, no momento crítico, o sistema totalmente paralisado, as negociações estão emperradas, mais ou menos há 20 anos. Até hoje nenhuma negociação foi totalmente bem-sucedida. Não há tempo mais para ficar nessa paralisia”, ressaltou o embaixador, que participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Azevêdo defendeu empenho para romper com a tendência que ocorre há duas décadas. “É importante quebrar isso. É importante trazer o sistema para a realidade de hoje. Uma realidade [que, comparada a duas décadas,] evoluiu. O mundo mudou e a organização não se atualizou. A preocupação é que as negociações migrem para fora”, disse.
O embaixador destacou que o aumento de negociações fora da OMC não deve ser visto apenas pelo aspecto negativo. “Não acho que essas iniciativas bilaterais sejam ruins. Elas testam as regras. Mas se o sistema continuar paralisado, haverá uma desconexão muito grande entre as regras e as normas”, acrescentou.
Azevêdo alertou, no entanto, que essas negociações bilaterais podem gerar dificuldades na busca por acordos multilaterais, pois provocam desvantagens aos países cujas economias são menores . “Isso vai dificultar as negociações internacionais, exatamente no caso dos países que têm economias menores, que raramente estão no centro dessas negociações”, destacou.
O embaixador brasileiro assume o cargo de diretor-geral da OMC em 1º de setembro, em substituição ao francês Pascal Lamy. O mandato é de quatro anos, com direito à reeleição.
Fonte: Guia Marítimo
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