terça-feira, 14 de maio de 2013
Escassez de profissionais é o maior dos problemas de infraestrutura no Brasil
Opinião é de Ivan Witt, diretor da Steer participou o 1º Fórum RH na Indústria Automobilística.
Para Ivan Witt, empresas precisam aumentar retenção de engenheiros
A falta de profissionais será o principal problema de infraestrutura que o Brasil enfrentará nos próximos anos. A escassez de especialistas limitará o crescimento da economia nacional, tornando difícil até mesmo garantir aumentos anuais do PIB próximos de 3%. A conclusão foi apresentada por Ivan Witt, diretor da Steer Recursos Humanos, na abertura do 1º Fórum RH na Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business no Hotel Mercure Ibirapuera, em São Paulo (SP), na segunda-feira, 13.
O consultor destacou que o problema afeta em cheio a indústria automobilística, que enfrenta cada vez mais dificuldade para encontrar engenheiros. “Para que a indústria atenda as metas de tecnologia do Inovar-Auto precisamos primeiramente de pessoas”, enfatiza. Segundo ele, o setor precisará de 30 mil novos engenheiros até 2017 para acompanhar o investimento de R$ 60 bilhões previsto pela indústria para o período. Na opinião de Witt, a meta é praticamente impossível de ser alcançada. “Não temos solução para o curto prazo.”
A carreira tem problemas que começam desde a atração dos estudantes. O primeiro deles é a deficiência no ensino básico de matemática no Brasil, que inibe o interesse dos jovens pela profissão. Além disso, há grande taxa de evasão do curso, com 43% dos alunos desistindo antes da formação. Nesse contexto, o Brasil forma apenas 40 mil engenheiros por ano. Na China esse número chega a 400 mil profissionais, na Índia a 300 mil e na Coreia, 80 mil.
Cerca de 90% destes profissionais já saem da faculdade com emprego garantido. O problema é que, dos 800 mil engenheiros atuantes no Brasil, um terço está na área técnica, enquanto o restante ocupa cargos administrativos ou financeiros. “Os bancos gostam muito destes profissionais”, explica Witt, indicando para onde boa parte dos recém-formados vai ao sair da faculdade. Na opinião dele, a indústria automotiva perdeu a atração e, além de não oferecer os salários mais altos, é vista como obsoleta pela nova geração, acostumada a estar sempre conectada. “Eles sonham em trabalhar em um escritório como o do Google.”
Entre os aspectos importantes para esses profissionais, Witt enumera a remuneração e os benefícios. “Poucos profissionais têm uma ideia tão precisa de seu valor no mercado”, conta. Segundo o headhunter, o salário inicial está entre R$ 5 mil e R$ 8 mil, com clara tendência de alta, pressionado pela escassez de oferta. Outra prioridade na busca de uma vaga é a localização. Deslocar um profissional de um grande centro urbano para trabalhar em um novo polo demanda fortes incentivos. Outros pontos relevantes para o especialista da área são a posição dentro da empresa e o plano de carreira e capacitação.
A diferença entre o que a empresa tem a oferecer e os interesses dos engenheiros resulta na tendência de aumento dos salários e na grande rotatividade de profissionais nas empresas. Como solução imediata, há a possibilidade de trazer especialistas de outros países, movimento que tem se intensificado. Para Witt, é preciso ampliar o interesse pela profissão e a retenção desses funcionários. “O RH deve fazer a transição das relações trabalhistas e sindicais para o RH estratégico”, conclui.
Fonte: Automotive Business
Por: GIOVANNA RIATO, AB
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