Temo pelo futuro econômico do Brasil. Explico: o mundo passa por uma verdadeira revolução, sem sangue mas com perdas enormes, sacrifícios que poderiam ser evitados, transtornos de todo tipo – enfim, uma guerra em que os mais aptos, como na teoria de Darwin, é que sobreviverão.
Muitos empresários brasileiros, mesmo escaldados pela onda que devastou as armadoras nacionais no final dos anos 1980 e alterou o panorama nos negócios portuários nas duas décadas seguintes, ainda não perceberam sequer que estão no meio do tiroteio – só descobrirão após serem abatidos por concorrente mais ágil e preparado para os novos tempos. Aliás, lição que serve também para autoridades refletirem, no seu papel de indutoras do desenvolvimento econômico nacional.
Produtividade no Brasil está abaixo do mercado externo
Não é por acaso que o Brasil patina nos índices de produtividade, não consegue aproveitar a maré favorável para crescer e distribuir os benefícios do crescimento por toda a população.
Internet e telefonia celular não são mais novidade, temos já uma geração que nasceu sob o império dessas e outras novas tecnologias. Mas ainda vemos estruturas arcaicas nas empresas, incapazes de aproveitar a vantagem competitiva dessas tecnologias para agregar valor, e que reagem ao avanço dos rivais com simples reduções lineares dos quadros funcionais, sem perceberem que hoje o capital humano que desperdiçam é muito mais valioso que os outros ativos.
Um exemplo são as absurdas filas de caminhões que tornam caótico o entorno dos principais portos. Em Santos, bastaram um regulamento e pesadas multas para que as filas desaparecessem, como que por mágica (mesmo que tardia), mas fica a certeza de que a lição não foi aprendida: se não houver vigilância, as filas voltarão, com todos os prejuízos para o Brasil, para as próprias empresas, os motoristas e a população. Prejuízos evitáveis com um sistema relativamente simples de controle do fluxo de caminhões, usando Internet e celulares.
Em Paranaguá, isso já é praticado, e em alguns setores econômicos em Santos ele também é feito. O custo é mínimo, bem menor que o prejuízo sofrido pelas empresas que não o adotaram ainda, e cria um novo patamar de eficiência, que se traduz em lucros. Então, se algo tão óbvio e debatido ainda não foi feito, justifica-se a abertura desta coluna: temo pelo futuro econômico do Brasil...
Fonte: Portogente.com.br
Por: Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio
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