Especialistas se reuniram nesta segunda-feira (10/06) na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para encontro do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag). O tema da reunião foi o atual panorama logístico de infraestrutura e o agronegócio brasileiro.
De acordo com Hélio Mauro França, diretor da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal criada em agosto de 2012 pelo governo federal, a carência brasileira, "resultado da inércia dos nossos processos", é aguda em infraestrutura e afeta toda a competitividade do país.
França afirmou que a solução para os gargalos não virá imediatamente. "É preciso investir permanentemente na estrutura de todos os setores para garantir uma melhor competitividade brasileira no exterior. Um processo que demorará a dar resultados", disse.
Durante sua exposição, França defendeu a importância da criação de uma ampla rede de transporte, operando com custos e tarifas reduzidas, para que não reduzir a competitividade do agronegócio brasileiro. "Trabalhamos com a criação, expansão e revitalização de dez mil quilômetros de ferrovias integradas no Brasil, muitas delas para atender o setor agrícola, ajudando a escoar a produção da região centro-oeste", disse.
Raul Velloso, ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, pasta em que atuou no período entre 1985 de 19991, criticou a defasagem da infraestrutura nacional e a lentidão do governo na tomada de decisões.
Segundo Velloso, é preciso introduzir no país uma nova agenda de produtividade, direcionada para logística e transportes. Caso contrário, disse ele, não haverá crescimento econômico.
Para o ex-secretário do ministério, o Brasil é um desastre em produtividade, com números baixíssimos quando comparados à produção acumulada da Coreia do Sul entre 1989 a 2008. "Durante o período, a produção sul coreana acumulada foi de 60%. No Brasil, foi de 0% o crescimento de produtividade", informou.
"Aumentar produtividade é gerar eficiência. Mas essa percepção não está na agenda do governo. No momento estamos sem perspectiva de crescimento. Perdemos o caminho depois de 2005, pois esgotaram os investimentos", encerrou.
Questão indígena
Também presentes à reunião do Cosag, os deputados federais Duarte Nogueira (PSDB-SP) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) abordaram um tema recorrente ao agronegócio brasileiro: a questão indígena do Mato Grosso do Sul.
Heize pediu apoio na luta contra as expropriações indevidas de propriedades produtivas para o assentamento de índios. "Seis propriedades foram depredadas no Mato Grosso do Sul. Ninguém se responsabiliza. O que vem acontecendo nessas propriedades é crime. Muitos desses índios nem são brasileiros, vêm do Paraguai", disse.
Duarte Nogueira acrescentou que a questão da demarcação de terras indígenas tem que ser clara. "Precisamos diferenciar quem é índio de verdade de quem é índio de cinema".
O deputado criticou a postura e a lentidão do governo no tratamento do problema indígena na região. "O atual governo demarcou menos de um milhão de hectares - e de maneira conflituosa. Para dar estabilidade e acabar com os conflitos é preciso cumprir a portaria A303", encerrou.
Fonte: Agência Indusnet Fiesp
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