Os crescentes índices de produção e produtividade no campo brasileiro tornaram o Brasil a nova galinha dos ovos de ouro para a indústria química de defensivos. O País já é o maior mercado consumidor de agrotóxicos no mundo e deve receber investimentos de US$ 300 milhões nos próximos cinco anos para crescer também em importância global em produção. Essa posição é resultado da possibilidade que o País tem de produzir mais de uma safra por ano, afirmou o gerente de informação do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), Ivan Sampaio, ao DCI.
Nos últimos três anos, as receitas que as empresas obtiveram no País com vendas de agrotóxicos cresceram em média 13% ao ano, enquanto o volume comercializado avançou, em média, 4%. Apenas no ano passado, os agricultores brasileiros consumiram 823,2 milhões de toneladas de agrotóxicos, dos quais 36% foram importados. Na comparação com 2011, o volume importado cresceu 25,7%.
Esse crescimento da demanda brasileira já colocou o País como o maior mercado em termos de faturamento para empresas como a Basf, em sua unidade de proteção de cultivos, e a DuPont. Para a DuPont Agrícola, o mercado brasileiro representa exatamente metade das receitas que a empresa obtém no ano e tem variado entre o terceiro e o primeiro lugar nos últimos anos, de acordo com resultados de safra e câmbio.
Para a Monsanto, os agricultores brasileiros compõem o segundo maior mercado consumidor da empresa no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em 2012, o País rendeu à companhia um faturamento de R$ 3,4 bilhões, ou 10% de suas receitas globais.
Produção
Apesar do peso brasileiro nas receitas dessas multinacionais, são poucas as companhias que produzem os princípios ativos dos defensivos dentro do País. No ano passado, o volume de agrotóxicos importados foi de 296,8 mil toneladas, alta de 25% com relação a 2011. Já a receita subiu 10%, para US$ 5,5 bilhões. O descompasso, segundo Sampaio, se dá por causa do aumento da importação de produtos genéricos, que aumentou 28,7% em volume.
Uma das empresas que tem a produção do ingrediente ativo no País é a Monsanto. A empresa já utiliza 100% de sua capacidade produtiva de herbicidas a base de glifosato em seu polo em Camaçari (BA), que receberá ainda um aporte de R$ 47,6 milhões nos próximos cinco anos. A companhia ainda investirá R$ 40 milhões em Petrolina (PE) centro de tecnologia para sementes e biotecnologia.
Segundo o gerente de proteção de cultivos da Monsanto, Rogério Andrade, a maior parte dos R$ 1,5 bilhão que a empresa investe em pesquisa e desenvolvimento é direcionada ao Brasil.
Outra empresa que deve investirá na produção de princípios ativos no País é a Basf, que promete um aporte de 50 milhões de euros para erguer duas plantas em Guaratinguetá (SP) para abastecer o mercado interno.
Além disso, a empresa já produz nesse polo o fungicida Boscalid, que além de atender à demanda doméstica, é exportado para Estados Unidos, Alemanha e América Latina.
Essa aposta, porém, não é unânime. Segundo Sampaio, do Sindag, dos 280 ativos que estão no mercado, menos de 30 são produzidos em solo nacional.
A Syngenta, por exemplo, importa os princípios ativos e elabora as fórmulas em Paulínia (SP), que é a maior unidade de processamento de defensivos da empresa no mundo e exporta para a América Latina. Em 2012, a receita da companhia no País cresceu 10,9%, de US$ 2,2 bilhões para US$ 2,44 bilhões.
Também a Bayer concentra boa parte de sua formulação mundial de agrotóxicos no Brasil, mas especificamente em Belford Roxo (RJ). Porém, segundo o diretor de operações de negócios no Brasil da Bayer CropScience, Gerhard Bohne, "não é rentável produzir aqui" os 50 produtos que a empresa produz.
Já o responsável da Syngenta pelo Brasil e pela América Latina, Antônio Guimarães, acredita que a mudança na lei de transfer price, pela qual o imposto de importação era menor do que o de produção interna, "deve ajudar muito a indústria química a investir no Brasil".
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
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