A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), reuniu hoje (12), diplomatas dos governos dos Estados Unidos, de países europeus e do México no Seminário Livre-comércio EUA - Europa. O evento ocorreu na sede da federação.
O economista da FecomercioSP Antônio Lanzana intermediou a discussão que tratou dos desafios do acordo e as consequências que ele trará para os mercados emergentes como o Brasil. O livre-comércio entre os EUA e a Europa deve ser firmado dentro de dois a três anos e está dividindo opiniões. "O acordo é extremamente ousado, mas ainda necessita de muitas discussões para as duas partes chegarem a um consenso. O Brasil encontra-se preso ao Mercosul. Não pode ficar fora dessa onda de liberalização mundial e, por isso, devemos perseguir novos acordos", afirma Lanzana.
Nenhum outro acordo assinado tem um peso econômico e geopolítico dessa magnitude. A parceria entre as duas potências pode estabelecer a maior zona de comércio do mundo e injetar US$ 133 bilhões no PIB mundial. Segundo a consulesa-geral adjunta dos Estados Unidos, Samantha Carl-Yoder, os EUA esperam crescer e se desenvolver com o acordo, mas também pretendem melhorar as relações com todos os outros parceiros. "Os EUA e o Brasil têm parcerias importantes e fortalecidas, que continuam a amadurecer, seja em questões de visto ou comercial. Para os americanos, conectar países é importante ferramenta para crescimento do comércio e o desenvolvimento de empregos e da economia", pondera.
Os europeus também estão otimistas e esperam um crescimento direto e indireto, que deve ser responsável por um terço do comércio mundial. "A relação com os EUA representa, hoje, apenas 3%, porém, com o acordo, as exportações do nosso maior parceiro comercial, a Alemanha, podem crescer 25% e devem ter um efeito indireto na Hungria", explica a adida comercial da Embaixada da Hungria, Szuzsanna Lásló.
Para o cônsul econômico do Consulado Geral da França em São Paulo, Stéphane Mousset, existem três eixos que devem permear a discussão para firmar o acordo: acesso ao mercado, barreiras não tarifárias e desafios globais, como a regulamentação e padronização de produtos. "Na hipótese mais favorável, a Europa pode esperar crescimento de 1,2% ao ano e os EUA um crescimento anual de 1,5%", afirma.
O acordo, no entanto, pode trazer riscos para países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo o sócio fundador da consultoria de risco político internacional Insight Geopolítico, Reni Ozi Cukier, uma parceria desse porte pode implicar isolamento dos Brics e consolidar liderança comercial dos EUA e da Europa. Já o cônsul-geral do México, Jose Gerardo Traslosheros Hernández, enxerga que o acordo pode estimular a retomada de acordos domésticos na América Latina.
"Não é o fim da multilateralidade. O acordo vai trazer muitas transformações para todo o mundo e pode ajudar a destravar as discussões da rodada de Doha, que visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento", afirma Hernández.
O economista Antônio Lanzana avaliou que o debate promoveu um momento de reflexão para as ações futuras do Brasil. "A primeira coisa que me chama a atenção é comparar a ambição desse acordo em contrapartida aos acordos desnutridos que temos aqui na América Latina. Temos muito a aprender."
Fonte: FECOMÉRCIO
Em: 12/06/2013
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