sexta-feira, 22 de maio de 2015

Brasil e Rússia reforçam Opep em briga com EUA


Com expectativa de aumento de 50% nas exportações este ano, a Petrobras aparece em relatório distribuído ontem pela AIE como um dos fatores que manterão a pressão baixista nas cotações internacionais do petróleo. A estatal comemorou ontem mais um recorde de produção no pré-sal, com a marca de 800 mil barris por dia, e espera fechar 2015 com exportações de 350 mil barris por dia. Para a AIE, a produção crescente de Brasil e Rússia joga ainda mais lenha na disputa entre os países árabes e os Estados Unidos pelo mercado global. O relatório de mercado da agência referente ao mês de abril vem com aumento nas projeções de crescimento da produção este ano, apesar da desaceleração na exploração de reservas não convencionais nos Estados Unidos. Segundo a AIE, a produção em países não-membros da Opep vai crescer em 830 mil barris por dia este ano — 200 mil barris a mais do que a projeção anterior, feita no mês passado. Atualmente, os técnicos da agência veem um excedente superior a 2 milhões de barris por dia no mercado global. “Apesar de sinais temporariamente otimistas nos Estados Unidos e desconsiderando qualquer interrupção inesperada, os fundamentos de curto prazo do mercado continuam relativamente frouxos”, diz o relatório. Em abril, a produção global cresceu 3,2 milhões de barris por dia, com relação ao mesmo período do ano anterior, diz a AIE, apesar dos baixos preços da commodity. O cenário reforça a tese de um esforço dos países para conter o crescimento da produção americana: enquanto a Arábia Saudita vem produzindo volumes recordes, os Estados Unidos vivem um movimento de redução maciça do número de sondas em operação. Nesse cenário, Brasil, Rússia e países asiáticos, como China e Malásia, têm contribuído com a inundação de óleo novo no mercado. Segundo analistas, os dois primeiros precisam vender mais petróleo, mesmo a preços baixos, para garantir a entrada de recursos. De acordo com a AIE, a produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre de 2015, em comparação com o mesmo período em 2014, com o início das operações de novos projetos no pré-sal. Já as companhias russas “parecem estar lidando excepcionalmente bem com os baixos preços e com as sanções internacionais”, diz o texto. “Enquanto o mercado continua a rebalancear, bolsões de crescimento na oferta estão emergindo de locais inesperados”, analisam os técnicos da AIE, concluindo que o movimento pode retardar a recuperação dos preços internacionais: “Mas é prematuro dizer que a Opep venceu a batalha pelo mercado. Ao contrário, a batalha está apenas começando”. Ontem, a Petrobras informou que a entrada em operação do sistema de produção antecipada do campo de Búzios, na Bacia de Santos, levou a produção do pré-sal a ultrapassar a marca dos 800 mil barris pela primeira vez no dia 11 de abril. “A produção de 800 mil barris por dia foi alcançada apenas oito anos após a primeira descoberta de petróleo na camada pré-sal, ocorrida em 2006”, comemorou a estatal, lembrando que levou 24 anos para atingir os primeiros 800 mil barris por dia no pós-sal da Bacia de Campos, ainda a maior província produtora do país. No pré-sal, a marca foi alcançada com apenas 39 poços produtores. Em Campos, foram necessários 423. O crescimento da produção e os gargalos para o incremento da capacidade nacional de refino levarão a um aumento das exportações, informou o gerente de óleo cru da Petrobras, Fernando Colares Nogueira, em palestra ontem no Rio. O volume projetado, de 350 mil barris por dia, representa um crescimento de 51,2% com relação aos 231,5 mil barris por dia exportados em 2014. O executivo destacou que o principal destino do petróleo exportado será a Ásia, principalmente a China e a Índia, com o mercado americano se tornando menos relevante, devido à alta produtividade das jazidas não convencionais no país. Com o crescimento da relevância dos sócios da Petrobras no volume produzido, a companhia tem perdido participação relativa nas exportações de petróleo. De acordo com Nogueira, a Petrobras é atualmente responsável por 50% do petróleo exportado do Brasil, ante 70% em 2011.
Reuters
14/05/2015

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