A recuperação da economia brasileira deverá ser realmente lenta. As projeções feitas por bancos e consultorias já têm apontado uma retração mais forte do que o previsto para 2015 e uma recessão para o ano que vem. Ontem, a equipe de economistas do Credit Suisse, chefiada pelo economista Nilson Teixeira, revisou sua projeção de queda para o PIB neste ano de 1,8% para 2,4%. Também foi revista a projeção para 2016. Antes, a previsão era de um crescimento de 0,6%. No relatório de ontem, a projeção para o PIB de 2016 virou uma recessão de 0,5%. "Essa seria a primeira vez desde 1930-1931 que o País teria uma recessão por dois anos consecutivos", destacaram no documento os economistas do Credit Suisse. Naquela época, a economia mundial sofria os efeitos da Grande Depressão de 1929. Segundo dados do Ipea, o PIB, naquele período, recuou 2,1% em 1930 e 3,3% no ano seguinte. No cenário traçado pelos outros bancos do País, o Itaú também prevê recessão para 2016 - a economia deverá encolher 0,2%. O Bradesco prevê estagnação para o ano que vem, e o Santander, um pequeno crescimento de 0,1%. Para a equipe do Credit Suisse, a dinâmica dos principais indicadores de atividade, como o IBC-Br, por exemplo, indica que o PIB deve sofrer uma significativa contração no 2.º trimestre: "Não descartamos também uma contração no terceiro trimestre de 2015 devido à dinâmica desfavorável nos setores de agropecuária, indústria e serviços. Com isso, esperamos que o crescimento do PIB ante o trimestre anterior recue 1,9% no segundo trimestre de 2015, 0,4% no terceiro e 0,1% no quarto trimestre". Na avaliação do Departamento Econômico do Credit Suisse, a maior queda do PIB em 2015 reduz o carrego para 2016. "A estabilidade do PIB no patamar do quarto trimestre durante todos os trimestres de 2016 implicaria em um crescimento negativo do PIB de 0,6% em 2016. Com isso, nossa previsão de uma contração de 0,5% em 2016 é compatível com uma expansão do PIB de 0,1% ao trimestre na comparação com o trimestre anterior, muito abaixo da média de 0,4% entre o primeiro trimestre de 2011 e o primeiro de 2015", afirmam os economistas.
Estado de S. Paulo
27/7/2015
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