segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ativos de emergentes sofrem, mas não como no passado


As moedas de países emergentes têm recuado significativamente em relação ao dólar nos últimos dias, com destaque para o real, o peso mexicano e o rublo russo. Em uma janela mais ampla, a depreciação da moeda brasileira atinge cerca de 31% nos últimos 12 meses, enquanto o peso e o rublo perderam 19,6% e 38,8%, respectivamente. A despeito de influências domésticas, como se observano Brasil com o cenário político-econômico, há um movimento notável de deterioração, que coincide com o alargamento dos spreads da dívida soberana. Segundo estudo da Capital Economics, desde o chamado "taper tantrum"movimento de venda generalizada de ativos por conta da sinalização do fim do QE americano em 2013 - o índice de moedas emergentes calculado pela consultoria caiu 20% em relação ao dólar. No mesmo período, o EMBI Global Index (índice que acompanha os retornos totais de instrumentos de dívida externa nos mercados emergentes) subiu 100 pontos-base."Asaltas dos spreads do Brasil edaRússia, onde as moedas têm despencado, têm sido ainda maior", diz a Capital. Isso não surpreende, dada a ligação do comportamento das divisas desses países com os preços de commodities, mas o impacto perceptível é a elevação dos custos (em moeda local) do serviço da dívida, "o que era um catalisador para o surgimento de crises de dívida no passado". Mas esse movimento de alta dos spreads, na expectativa da consultoria, não deve ir muito mais longe. Asjustificativas para a percepção dequeuma crise de dívida nãose repetirá nos paísesemergentes como no passado têm como pano de fundo o fato de que as dívidas em moeda estrangeira são muito menores atualmente em percentual do PIB e as reservas cambiais são bem mais robustas. A Capital diz que, desconsiderando "um ou dois países, nomeadamente a Venezuela, a crise da dívida não está sobre a mesa". E quando o Federal Reserve de fato começar a elevar as taxas de juros? A opinião da consultoria é que haja, claro, um aumento adicional dos spreads de crédito de países emergentes, como consequência da alta dos retornos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano), de maneira a reduzir a atratividade de ativos "high-yield" (de alto rendimento). Neste cenário, o EMBI Global deve subir mais 100 pontos-base até o fim de 2017, mas sempre ponderando que países como Argentina e Venezuela continuam tendo mais peso na deterioração do índice total.Semesses países, a altadoEMBIseria "cerca da metade", segundo os modelos da Capital. Do ponto de vista das moedas emergentes, a projeção é que haja ! uma depreciação média de 5% ou mais em relação ao dólar nos próximos meses, "mas isso se empalidece luz do que se passou antes". ' Para países como o Brasil há muito em jogo nos próximos meses. O quadro fiscal frágil e a redução da meta para níveis mais críveis, porém insuficientes para conter a elevação da dívida bruta, podem redundar na revisão para baixo da nota de crédito do país e, no limite, na perda do grau de investimento.O quanto isso pode impactar os preços dos ativos dependerá da leitura futura dos fundamentos econômicos brasileiros por parte das agências de rating.
Valor Econômico

24/7/2015

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