O embaixador do Brasil na China, Valdemar Carneiro Leão, avaliou que os dois países têm a ganhar com a ampliação das relações bilaterais voltadas à implementação de investimentos. Na análise dele, há uma tendência de o país asiático dar andamento a ações de fortalecimento da economia interna. Nesse cenário, as empresas com larga experiência na construção de redes de transporte, tendem a buscar mercados no exterior. Segundo Leão, a relação envolve um momento de muita convergência de interesses já que a China está em um processo de reforma do seu sistema, evoluindo de um modelo de crescimento calcado, basicamente, em exportações, para um sistema de crescimento mais calcado no consumo interno, aumento de renda, em serviços e inovação. “A transição de um para outro não será rápida”, disse. Para ele, essa é uma parceria única para o Brasil já que a grande potência montou uma estrutura de produção que é voltada para grandes investimentos e para a exportação. “Ao mesmo tempo, o Brasil se transforma, para a China, em uma oportunidade de investimentos. Portanto, acho que há uma coincidência de interesses no tempo. O comércio continuará sendo dinâmico. Mas, por conta da queda nos preços das matérias-primas, os valores possivelmente vão sofrer um pouco esse impacto e teremos números menores neste e no próximo ano. Mas o dinamismo comercial estará lá. E teremos uma ênfase e atenção maior na relação voltada para investimentos”, ressaltou o embaixador. No cenário atual de instabilidade econômica, ele acredita que as parcerias e as relações Brasil-China têm sua singularidade. “Talvez não necessariamente devem ser vistas num contexto que possa ser do BRICS ou da América Latina. É uma relação econômica importante, vigorosa e dinâmica demais para estar subordinada a contextos ou grupos maiores. Tem, portanto, suas características próprias. O lado comercial sempre foi o mais vistoso, com um crescimento quase exponencial”. Leão explica ainda que para que o setor privado possa contribuir com essas relações bilaterais, voltadas no caso para infraestrutura, será preciso parcerias que ofereçam conhecimento de mercado, experiência operacional, conhecimento das regras fiscais, financeiras, do mercado de capitais. “A China tem uma experiência muito curta de implantação de sua capacidade produtiva fora do próprio território. A estratégia de sair, determinada pelo governo chinês, está se realizando gradualmente. Então, a China não tem uma experiência consolidada. Muitas vezes, ela entra comprando tecnologia, marca. Ou seja, na medida em que a China se aproxima do Brasil e se engaja num programa de investimentos, ela vai precisar de parcerias que ofereçam conhecimento de mercado, experiência operacional, conhecimento das regras fiscais, financeiras, do mercado de capitais. Há toda uma série de circunstâncias, um ambiente de negócios que a China precisará ser, de alguma maneira, iniciada, e, portanto, necessitará de parceiros”. O setor privado brasileiro, disse, estará também interessado em engajar-se em programas de longo prazo, sobretudo em se tratando de projetos de infraestrutura. “Assim, as empresas brasileiras poderão oferecer uma parceria que será valorizada”, finaliza.
Guia Marítimo
27/7/2015
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