Após prever que a economia brasileira vai encolher 1,5% em 2015, o FMI atribuiu a "fatores internos" a perda de confiança que levou à queda dos investimentos privados e do consumo no país, em relatório assinado pelo diretor do departamento do hemisfério ocidental do órgão, Alejandro Werner. No documento, o FMI destaca que o PIB real do Brasil encolheu nos três primeiros meses do ano, e que dados preliminares do segundo trimestre "indicam uma nova deterioração, inclusive no mercado de trabalho, mesmo com a inflação mantendo-se incomodamente alta". Na última semana, o Fundo piorou em 0,5 ponto percentual a expectativa de retração do Brasil em 2015. A projeção anterior, divulgada em abril, era de uma queda de 1%. Para 2016, a expectativa ainda é de crescimento, porém ele também será mais fraco: diminuiu de 1% para 0,7%. A última projeção do FMI também estima que a economia dos países da América Latina e Caribe deve ter um modesto crescimento de 0,5% em 2015, contra um desempenho de 3,3% da economia mundial. Segundo Werner, o crescimento mais fraco do que o previsto nos Estados Unidos no início do ano reduziu as perspectivas de crescimento do México, da América Central e do Caribe, enquanto o recuo persistente dos preços das commodities fragilizou ainda mais a conjuntura externa para a maioria dos países da América do Sul. "Tomados em conjunto, esses fatores indicam um novo resfriamento das perspectivas econômicas na região", conclui o diretor do FMI. Além das projeções de crescimento mais baixo este ano, o órgão ainda prevê uma recuperação mais fraca da região em 2016. Na América do Sul, o país que mais deve crescer em 2015 é o Peru, com avanço de 3,2% no PIB, seguido da Colômbia, que deve evoluir 3%. Na outra ponta, o Brasil só perderia para a Venezuela, que este ano pode ter uma retração de 7% em sua economia. "A região enfrenta uma série de riscos. A persistente desaceleração econômica na China e seu impacto sobre os preços futuros das commodities ainda representa o principal risco externo para a região", diz o documento. De acordo com o relatório, as negociações em torno da dívida da Grécia poderiam ainda ter implicações negativas para a América Latina, mesmo que por ora as repercussões sobre os preços dos ativos (e, também, sobre a atividade econômica) tenham sido contidas na região. Enquanto isso, diz Werner, os Estados Unidos sinalizaram o início de um ciclo de elevação das taxas de juros antes do final do ano. "Isso poderia aumentar a volatilidade do mercado e as pressões cambiais na América Latina e gerar desafios para a formulação de políticas na região", alerta. Do lado positivo, porém, prevê-se que o impulso ao comércio em função do crescimento robusto nos EUA, que acompanharia a decisão do Fed de elevar as taxas de juros, estimule a atividade econômica, sobretudo no México e na América Central.
G1
16/07/2015
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