sexta-feira, 3 de julho de 2015

Rota de cabotagem está pronta para atender mercado


A cabotagem vem oferecendo condições mais flexíveis e praticáveis que requerem índices mínimos para a fabricação de embarcações no Brasil, porém as encomendas ainda esbarram em diversos entraves como custo elevado para a construção e dificuldade no cumprimento dos prazos. Segundo o vice-presidente do Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima), Luis Fernando Resano, esses são os principais dilemas vividos pelas armadoras na hora de escolher entre a produção nacional ou recorrer à importada. Além disso, a falta de disponibilidade e capacidade dos estaleiros para construção de navios de porte bruto são outros problemas enfrentados pelo setor, que precisa fabricar navios capazes de suportar até 60 mil toneladas. Mesmo com todos estes desafios, Resano acredita que o mercado nacional possui condições para competir em igualdade com o mercado internacional, pois as altas taxas de impostos para a importação, que podem chegar a 50% do valor da encomenda, deixam as estrangeiras em desvantagem. “É preciso ter um bom capital para importar navios”, disse. Para ele, a decisão de construir embarcações no Brasil ou encomendar no exterior vai depender muito da necessidade do armador. Se existe urgência para operar, por segurança as empresas optam pela produção internacional devido à agilidade, mas se for uma demanda de longo prazo a vantagem utilizar conteúdo local. Apesar do desequilíbrio na matriz dos transportes brasileira com a preponderância do modal rodoviário, o fato é que a cabotagem cresce de 10% a 12% ao ano no País, por ser economicamente mais barata e sustentável. “As empresas estão investindo no transporte, ninguém vai comprar um navio para deixar parado enquanto não tem carga. O custo é muito elevado e por isso o navio precisa estar rodando. O que precisa é ter carga com regularidade e volume. A frota de cabotagem está pronta para atender o mercado”, destaca Resano ao afirmar que o setor está preparado para atender novas demandas. De acordo com o diretor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Fernando José de Pádua Costa Fonseca, uma das soluções para incentivar ainda mais o transporte de cabotagem é prestigiar o armador brasileiro. “Podemos conseguir um frete muito mais em conta apesar do risco Brasil. Nosso custo portuário é muito elevado, então precisamos incentivar os armadores brasileiros e melhorarmos as condições do nosso custo de logística”. Segundo Fonseca, estas iniciativas possuem um efeito cascata positivo para o setor, já que ao investir em estaleiros de reparação naval para navegação de cabotagem e pensando na questão de tripulação, custo de praticagem no Brasil e uma série de transações, é possível estimular a navegação do modal e os armadores brasileiros teriam uma demanda de construção de embarcações novas e reparação naval capaz de sustentar pelo menos os estaleiros do Rio de Janeiro.
Guia Marítimo
03/07/2015

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