sexta-feira, 3 de julho de 2015

Para OMC, crise grega pode afetar o comércio global


A crise na Grécia ameaça afetar o comércio mundial, segundo o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC.As previsões da entidade publicadas em abril já indicavam que o fluxo de exportações seria decepcionante em 2015. Mas a estimativa não previa mais uma turbulência no maior mercado importador do mundo, a Europa. "O comércio, como em qualquer outra atividade, é sensível aos operadores econômicos. O comércio quer duas coisas: estabilidade e previsibilidade", disse Azevêdo. Segundo ele,uma vez queacrise naGrécia afeta a estabilidade da zona do euro, "é razoável pensar que pode ter um impacto no comércio". Para o brasileiro, porém, as consequências não se limitariam à Europa. "(O impacto) não seria apenas na região, mas em outras também", disse. Azevêdo admite, porém, que seria difícil por enquanto estimar o volume de uma eventual queda no comércio. A Grécia tem uma participação insignificante no mercado mundial. Mas é o impacto no euro que preocupa os especialistas. Uma nova desvalorização da moeda única e as incertezas poderiam afetar as exportações de dezenas de países, principalmente aqueles que têm a Europa como o maior destino de suas vendas. Nos últimos dias, os governos da Austrália e da índia já indicaram temerumimpacto em suas exportações. Na Suíça, o Banco Central foi obrigado a intervirno mercado financeiro para não permitir uma valorização excessiva do franco, o que significaria uma perda de competitividade para exportar para a zona do euro. Recuo. Em abril, aOMCjá havia revisado para baixo o crescimento do comércio mundial em 2015. Segundo a entidade, a falta de crescimento nos emergentes e as dificuldades na Europa levaram à previsão de uma expansão menor dos fluxos comerciais neste ano. Originalmente, a previsão era de expansão de 5% em volume em 2015. Mas foi reduzida para 4,3% e, agora, caiu para 3,3%.Em 2016, a projeção é de um crescimento de 4%. "O crescimento do comércio tem sido frustrante em anos recentes diante do crescimento baixo das economias depois da crise financeira", declarou Azevêdo na época. "Olhando para o futuro,prevemos que o comércio continue uma recuperação lenta. Mas, com o crescimento econômico ainda frágil e tensões geopolíticas, essa tendência pode ser minada", alertou. No cenário, porém, não estava umcalote da Grécia.
Estado de S. Paulo
03/07/2015

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