O yuan precisaria desvalorizar pelo menos15% para ter umefeito real sobre a economia da China, avalia o banco de investimentos francês Natixis. Para analistas do banco, a desvalorização de alguns pontos percentuais ocorrida até agora éinsuficiente para restabelecer a competitividade de alguns setores da indústria chinesa. Por outro lado, vários economistas no mercado acreditam que Pequim vai manter uma queda modesta da moeda, entre 3% e 5%. Para a economista-chefe do banco na Âsia-Pacífico, Alicia Garcia Herrera, a perda de competitividade chinesa tem sido maciça.O enfraquecimento do euro e do iene explica boa parte disso. O índice de taxa de câmbio efetiva real, publicado na semana passada pelo BIS, espécie de banco dos bancos centrais, mostra que em julho a taxa de câmbio real efetiva do yuan era de 127,46 comparada a 100 em 2010, ou seja, uma valorização acima de 27%. O dólar dos EUA estava em 115,58. Já o euro estava em 93,67 e o iene japonês em 75,07, ou seja, desvalorizados. Para Alicia, as coisas pioraram com a diferença entre a inflação mais alta da China e a taxa menor de seus principais parceiros comerciais. "É por isso que a taxa de câmbio efetiva real da China valorizou mais de 30% desde o começo de 2015", escreve ela. Também as altas de salários, ponto central nos custos industriais, têm ficado em tomo de10%, mesmo com inflação abaixo desse nível. "O crescimento de salários pode ser bom para o consumo, mas pode certamente matar o setor exportador. A perda de competitividade é óbvia quando se olha o desempenho exportador da China nos mercados chaves." Por tudo isso, a avaliação é que a depreciação do yuan precisa ser bem maior do que ocorreu até agora, para ser eficaz, apesar de certos riscos. Por exemplo, pode ampliar as saidas de capitais da China. Entre 2013 e 2014, saíram em tomo de US$350 bilhões, com o recuo da rentabilidade do capital pela alta de custos salariais. Sobretudo, a política para o yuan pode alterar bastante a estratégia econômica chinesa dos últimos 15 anos, queconsistiu em tentaraumentar o peso do consumo no PIB e impulsionar as empresas a elevar o valor agregado de seus produtos - dois objetivos que requerem moeda forte. Para analistas do Natixis, uma apreciação real da moeda força as empresas a melhorar a sofisticação de seus produtos, já que perdem competitividade se não fizerem isso. Uma real depreciação, por sua vez, protege companhias de produtos com preços mais baixos. A questão, porém, é que havería riscos políticos com uma deterioração significativa da economia no curto prazo. E a desvalorização maior é considerada necessária, mas não deveria vir de forma abrupta.
Valor Econômico
24/8/2015
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