Integração energética, investimentos em infraestrutura e empreendedorismo inovador são caminhos para uma maior integração comercial e econômica na América Latina, com o fortalecimento da região no cenário global. Os temas foram acordados na assembleia do Ceal, em Porto Rico, com a participação de mais de 100 lideranças empresariais e chefes de Estado. A posição de consenso da assembleia do Ceal sugere uma América Latina mais unida. "Isso, dentro de uma expectativa onde podemos atrair mais investimentos, fazer mais comércio e ter uma posição de destaque entre os grandes blocos”, disse o presidente internacional do Ceal, o engenheiro brasileiro Ingo Ploger, que participou do encontro na última semana. O PIB da América Latina corresponde a cerca de US$ 9 trilhões. "É metade do PIB dos Estados Unidos e da União Europeia e equivale a dois terços do PIB da China", afirmou. Ploger destacou que na região existem cadeias produtivas globais estratégicas e bem posicionadas, entre as quais as proteínas vegetais e animais e alguns recursos naturais. Além disso, os países latino-americanos adicionam cada vez mais serviços na sua pauta de exportação. Nessa área, tem crescido muito a indústria do turismo, observou. Para uma maior inserção da América Latina no contexto global, além das cadeias produtivas globais, inovações e empreendedorismo, cujas soluções atingem vários países ao mesmo tempo, o presidente do Ceal destacou a integração energética. “Os países estão buscando eficácia energética, do qual o Brasil é um grande provedor na área da biomassa e de fontes renováveis, como a solar”. O vice-presidente do Cebri, embaixador José Botafogo Gonçalves, disse não ter dúvida de que os caminhos propostos podem fortalecer a América Latina. "Embora seja uma região muito vasta, os países têm aspectos em comum importantes, além da herança ibérica. Boa parte dos países latinos faz parte do grupo de economias emergentes, onde há uma incorporação crescente de consumidores na nova classe média, ressaltou. Segundo o embaixador, isso exige pressão sobre a infraestrutura logística, envolvendo transporte urbano, ferrovias, rodovias, portos, além de um consumo crescente de energia, para movimentar toda a atividade econômica. “São projetos comuns que, tanto no campo da infraestrutura, como no alimentar e energético, oferecem grandes oportunidades para todos que queiram investir na América Latina”. Observou, entretanto, que isso não será aproveitado se as empresas não fizerem um grande esforço em produtividade. “Isso só se consegue com tecnologia e inovação. Uma coisa está ligada à outra”. O presidente internacional do conselho confirmou que os investimentos em infraestrutura são um tema forte na região. Dados do Ceal revelam que o IED dividido pelo PIB da América Latina é mais alto que nos Estados unidos, União Europeia ou China. A relação de IED na região latino-americana é hoje de 1,7% do PIB, contra 1,1% na União Europeia, 0,8% na China e 0,7% nos Estados Unidos. Segundo Ploger, uma das respostas para explicar por que os estrangeiros estão, proporcionalmente ao PIB, investindo mais na América Latina, é porque a infraestrutura nos Estados Unidos e na Europa está muito bem estabelecida. “Há pouco a investir”. Em relação à China, o governo não permite que o investimento estrangeiro direto invista nesse setor. “E a América Latina permite”. José Botafogo afirmou que o IED pode ser aproveitado para o desenvolvimento da infraestrutura da região. Ele defende que se eliminem as barreiras burocráticas entre os países, por exemplo na parte regulatória, que dificultam os negócios e complicam a circulação de mercadorias, serviços e pessoas entre as nações. Ingo Ploger analisou que a recente decisão do governo brasileiro de flexibilizar exigências para participação de estrangeiros nos leilões de concessão de rodovias “é um ótimo sinal para a integração entre os países e vai trazer investimentos”.
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