sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Exportadores de carne apresentam à Câmara Árabe demandas sobre mercado egípcio



A Câmara de Comércio Árabe Brasileira ouviu as demandas das suas empresas associadas do setor de carne bovina e passou a elas informações sobre o mercado do Egito em reunião na sede da entidade, na capital paulista, nesta quinta-feira (14). Onze representantes de frigoríficos, associações, empresas de logísticas e tradings que atuam na área participaram e receberam material digital com dados de oportunidades atualmente abertas no Egito.

Apesar disso, o Brasil é o maior fornecedor de carne bovina do Egito, com 50,82% do mercado em 2016, e vem conseguindo manter seus volumes nos últimos anos, segundo apresentação feita pela executiva de Negócios Internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, no encontro. Logo atrás do Brasil, a Índia tem uma representatividade bem menor, de 31,2%. Os Estados Unidos são o terceiro maior fornecedor, com 12% do total.O diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, falou sobre a transformação que o mercado egípcio de carnes vem passando, com muitas compras ocorrendo pelo setor público, e das consequências da desvalorização da libra egípcia em relação ao dólar para a exportação brasileira. Em setembro do ano passado, a libra egípcia valia cerca de US$ 0,36. A cotação atual é de cerca de US$ 0,17, o que afeta o poder de importação dos egípcios.

Mas os frigoríficos brasileiros fornecem ao Egito principalmente carne congelada e não resfriada. Esta última é vendida nas prateleiras dos supermercados e tem maior valor. “O Brasil precisa trabalhar mais isso”, afirmou o diretor de Inteligência de Mercado e da área Comercial da Câmara Árabe, Tamer Mansour, lamentando encontrar apenas uma ou outra marca brasileira nos supermercados egípcios quando os visita. Mansour é egípcio.

Bertotti falou ainda sobre alguns entraves para o crescimento do comércio de gado vivo do Brasil com o Egito, entre elas a preferência local pelas raças taurinas, enquanto o Brasil é forte em zebuinos. De acordo com o associado, a criação de taurinos brasileira fica principalmente na região Centro-Oeste, que é longe de portos, o que torna muito alto o custo da exportação. Para que a venda internacional seja viável, o gado precisa estar nas proximidades do porto, segundo ele.Na apresentação foram mostrados também dados sobre o mercado do Egito para gado vivo. O Brasil exportou ao país árabe no ano passado US$ 17,2 milhões em animais. Em 2015, não houve vendas. O Líbano é primeiro mercado árabe para o Brasil nestas exportações e o Iraque é o segundo. O diretor da VB Agrologística, Valdner Bertotti, participou da reunião na Câmara Árabe e afirmou que o Líbano quer o gado que o Brasil tem, o zebu, e tem um protocolo sanitário simples.

No encontro, os executivos da Câmara Árabe contaram sobre as ações feitas pela entidade logo após a Operação Carne Fraca para esclarecer o assunto e ajudar o Brasil a retomar a confiança entre os mercados árabes. Entre as medidas estiveram a criação imediata de um comitê de crise, reunião com compradores de carne do Egito, com o Ministério da Agricultura no Brasil, com embaixadores árabes, participação em missão do governo brasileiro aos países árabes e acompanhamento de missões técnicas árabes ao Brasil.

Os empresários apresentaram demandas na quais querem a ajuda da Câmara Árabe, como a agilização da liberação de documentos para exportação nas embaixadas e consulados, a liberação das cartas de créditos dos bancos logo após emissão da certificação da Câmara Árabe e não no final do processo de emissão de documentos, entre outras. O vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, e o vice-presidente de Comércio Exterior, Ruy Cury, colocaram a entidade à disposição para ajudar a resolver estes e outros problemas dos associados e impulsionar as exportações. Também participou do encontro o conselheiro sênior da presidência da Câmara Árabe, Ramez Goussous.

Tamer Mansour relatou aos associados da Câmara Árabe a implementação que está em curso da certificação digital da entidade para negócios com o Egito, o que deve agilizar o processo de emissão de documentação. De acordo com ele, o trabalho pela mudança começou há dois anos e o processo deve estar pronto em um ano. O executivo falou ainda sobre as próximas ações da Câmara Árabe e das quais as empresas de carne bovina podem participar para encontrar oportunidades de mercado.

Entre as empresas participantes do encontro esteve a Minerva, que já tem grande presença no mercado árabe e possui capital de um fundo saudita. A gerente comercial da empresa, Janaína Azevedo, contou sobre algumas questões com as quais se depara no mercado do Egito, como a preocupação dos importadores com o câmbio e a busca deles pela substituição da carne bovina por outras, como a de frango. Esta última é mais barata. “Estamos aqui para entender o que podemos melhorar e para entender mais o mercado do Egito”, disse ela sobre a participação na reunião.

Também participaram a trading Kit International, que atende o mercado do Egito com alguns dos seus clientes, a Plena Alimentos, que acabou de ser habilitada para exportar aos egípcios, e a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol. “Queria entender melhor como funciona esse mercado para amanhã ou depois ser exportador de genética”, afirmou o diretor de Marketing da associação, Rick Arantes. Marcaram presença ainda a Natural Fields, que exporta gado vivo e carne, e já vendeu os animais para o Egito, o frigorifico Dom Glutão, que está buscando habilitação para vender ao Egito e Arábia Saudita, e o Grupo JPupin, grande produtor do agronegócio brasileiro.

Fonte: Anba

Data de publicação: 14/09/2017

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