terça-feira, 24 de outubro de 2017

Suspensão de importação de leite do Uruguai ajuda, mas não resolve crise


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Suspensão de importação de leite do Uruguai ajuda, mas não resolve crise



A recente suspensão temporária das importações de leite em pó do Uruguai agradou a produtores e indústrias, mas não é considerada suficiente para sanar a crise que se instalou no setor no último ano. Bastante suscetível ao poder aquisitivo da população, o consumo de leite e derivados recuou com o aumento do desemprego, ao mesmo tempo em que os produtores viram o preço do litro recuar com o aumento da oferta. Nesse cenário, a restrição a importação determinada pelo Ministério da Agricultura (Mapa) na última semana é vista como positiva. "Em um momento em que as indústrias estão estocadas pelo excesso de oferta não faz sentido essa importação", argumenta o presidente da comissão de Pecuária Leiteira da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim. "É uma medida importante." No entanto, a decisão do governo brasileiro não estabelece uma nova regra para a entrada do produto uruguaio, como defende o setor. "Essa medida tem uma importância mais emocional [por mostrar que o governo está atento às dificuldades da cadeia produtiva]", conta Alvim. Já há algum tempo o setor reivindica a regulação das importações do Uruguai, por meio da criação de uma cota de importação, a exemplo do que acontece com a Argentina, que pode exportar até 5 mil toneladas por mês ao Brasil. "Isso é importante para que exista uma isonomia. Se os uruguaios não tiverem um limite fica complicado manter a cota já estabelecida com a Argentina", argumenta Alvim. O secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Darlan Palharini, concorda. "O que precisamos é de uma cota, para que o setor tenha previsibilidade", afirma. Segundo ele, o quilo do leite em pó uruguaio chega ao Brasil por R$ 11, enquanto o produto brasileiro custa em torno de R$ 12,50. No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil importou 86,4 mil toneladas de leite em pó, sendo 47,3 mil toneladas do Uruguai. O volume é 30,5% menor que o importado no mesmo período do ano passado, quando 124,4 mil toneladas foram importadas pelas indústrias brasileiras. Segundo Alvim, da CNA, os preços pagos ao produtor pelo litro do leite sinalizam recuperação. "Não é a primeira vez que acontece de os preços caírem na entressafra - quando o custo de produção é maior - e voltarem a subir nas águas, quando a oferta deveria pressionar os preços", diz. Ainda assim, estão abaixo dos praticados no mesmo período do ano passado. O valor médio pago pelo litro no País está em R$ 1,05, diz Palharini. Há um ano, esse valor era de R$ 1,25 por litro, em média. Na avaliação o secretário do sindicato gaúcho, esse cenário de preços deve desestimular a produção de leite neste ano. Em 2016, o País produziu 33,6 milhões de litros de leite. "Até julho esperávamos um crescimento de expressivo, de 7%, para 2017. Agora, com a queda de preços, projetamos um incremento próximo de 3%", destaca Palharini. A safra na Sul do País está no fim enquanto a produção no Centro-Oeste começa agora, no período das águas. "Ainda não sabemos o quanto essa produção pode de fato diminuir", observa o dirigente. Para Palharini, isso dependerá das condições do produtor de produzir com menor remuneração. "Temos relatos de produtores com capacidades superiores a 300 litros por dia que estão produzindo a um custo de R$ 0,65 por litro no Rio Grande do Sul", diz. "Por outro lado, os produtores que operam com capacidade de 200 litros por dia ou menos encontram mais dificuldade de ajustar esses custos", pondera. Segundo ele, esse segundo grupo representa entre 30% e 40% da produção nacional. Na avaliação de Alvim, a saída da crise passa por ações de estímulo ao consumo e de políticas públicas voltadas à exportação do produto. DCI 24/10/2017

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