Arábia Saudita, país que mais compra o frango brasileiro, exige abate ainda mais cruel às aves.
Em 2017, a Arábia Saudita comprou 591 mil toneladas de carne de frango do Brasil, o que equivale a 14% de todas as exportações avícolas brasileiras. O país é o maior cliente desse tipo de carne e o Brasil tem, por consequência, muito interesse em manter a boa relação entre as nações.
Recentemente, os sauditas anunciaram uma nova exigência que tornará ainda pior a situação dos bilhões de frangos mortos pela pecuária brasileira anualmente. Eles querem que o Brasil retire o atordoamento das aves antes de que elas tenham suas gargantas cortadas.
Atualmente, funciona assim: as aves chegam ao frigorífico e são penduradas de cabeça para baixo, se debatendo, em uma máquina que lembra uma esteira, mas no formato de “varal”. Essa máquina leva os animais para um tanque de água com uma forte corrente elétrica no qual eles são mergulhados por alguns segundos.
A descarga elétrica, segundo a indústria, dessensibiliza as aves para que a degola – o corte da garganta – seja feita mais à frente na “linha de desmontagem”.
Acontece que, segundo as regras do chamado abate Halal, um tipo de abate religioso característico de países islâmicos, o animal precisa estar vivo quando sua garganta é cortada. Por isso, a Arábia Saudita exige que o Brasil adapte sua produção de frango para exportação ainda no mês de abril, retirando a parte da dessensibilização e cortando a garganta dos frangos ainda conscientes.
A notícia foi publicada no site oficial do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de forma bem amenizada, e no portal UOL, de forma um pouco mais realista.
O Brasil vem tentando convencer os sauditas que a eletronarcose – como é chamado o mergulho dos animais nos tanques com eletricidade – não mata as aves, apenas as atordoa. Até o momento, sem sucesso.
O curioso é que o governo brasileiro não está insistindo nesse método por compaixão aos animais ou para evitar mais uma camada de sofrimento às suas vidas miseráveis.
Quando os animais são mortos sem o mergulho no tanque com corrente elétrica, eles se debatem muito mais, lutando por suas vidas, na hora da degola. E isso faz com que parte do corpo da ave fique impróprio para o consumo, pois aparecem muitos hematomas das pancadas que os frangos dão na máquina que corta suas cabeças.
Menos carne considerada apropriada para o consumo, menos dinheiro. É por isso que os nossos representantes estão tão empenhados em defender o tanque de água eletrificada na indústria.
02/04/2018
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