Países
do Mercosul propõem medidas para aumentar acesso dos produtos da agricultura
familiar ao mercado internacional
Delegações dos
países do Mercosul, que participam da 31ª Reunião Especializada em Agricultura
Familiar (Reaf), apresentaram nesta quinta-feira (31) propostas para agregar
valor aos produtos dos agricultores familiares, assim como mais acesso a
mercados regionais e internacionais. O objetivo é que o setor também tenha
oportunidades com o acordo Mercosul e a União Europeia, que prevê livre
comércio de alguns produtos agrícolas.
As ações foram
debatidas por diferentes grupos de trabalho durante a programação da Reaf, que
está sendo realizada em Chapecó (SC). O evento é coordenado pela Secretaria de
Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Uma das propostas
em discussão é a possibilidade de adotar a certificação participativa,
inclusive para produtos orgânicos, como regra global dos países do Mercosul
para agregar valor aos produtos da agricultura familiar.
Autocertificação
O sistema
participativo de garantia é utilizado no Brasil para certificar produtos
orgânicos, que em grande parte é produzido por agricultores familiares, e foi
reconhecido recentemente pelo Chile. Pelo sistema de garantia, a
responsabilidade da certificação é compartilhada entre os próprios produtores
por meio de um Organismo Participativo de Avaliação da Qualidade Orgânica -
OPAC.
A proposta foi
apresentada pela Coordenadora de Produção Orgânica do Mapa, Virgínia Lira, ao
grupo de trabalho que trata de agregação de valor. "Isso traz benefícios
porque antes do acordo os produtores chilenos deveriam contratar certificação
do Brasil para verificar o sistema de produção chileno e vice-versa. Agora não
há necessidade que eles façam uma contratação no país que vai recepcionar o
produto. Isso reduz bastante os custos", explicou.
A ideia é que o
sistema possa ser reconhecido em outros países da região e futuramente possa
ser aceito também pelo mercado europeu. Os participantes se comprometeram a
levar o assunto para os departamentos responsáveis de seus países (Argentina,
Paraguai e Uruguai), que deverão tratar o tema de forma mais objetiva no
encontro da Reaf no próximo semestre sob coordenação do Uruguai. A proposta
também será discutida na reunião da Comissão Interamericana da Agricultura
Orgânica (CIAO), que será sediada no ano que vem pelo Brasil.
Bioeconomia
O grupo de trabalho
discutiu ainda o conceito de bioeconomia, tema que já tem programa específico
no Brasil, e definiu propostas para produtos da biodiversidade e da lista de
indicações geográficas. As representações argentina, uruguaia, paraguaia e
brasileira sugeriram que seja feita a identificação de todos os produtos da
lista de indicação geográfica do acordo que são da agricultura familiar e que
sejam criadas regras de proteção mútua entre os países do Mercosul.
Outros dois grupos
de trabalho discutiram na tarde desta quinta-feira (31) temas como sanidade e
inocuidade, cooperativismo como ferramenta de acesso aos novos mercados,
participação de mulheres e jovens, inovação, pesquisa e desenvolvimento,
conectividade, assistência técnica e empreendedorismo no âmbito da agricultura
familiar.
Os assuntos também
foram discutidos pelo secretário de agricultura familiar e cooperativismo do
Mapa, Fernando Schwanke, com outros coordenadores da Reaf.
Após as
apresentações dos grupos, os coordenadores de cada país participantes elogiaram
a iniciativa de discutir os diferentes temas no âmbito do acordo firmado com a
União Europeia. "Esta Reaf trouxe temas muito inovadores. Precisamos
estudar mais sobre o acordo, afinal de contas o impacto positivo ou negativo
atinge a população. Temos um longo desafio para compreender e também nos
preparar melhor para enfrentarmos todo esse tema. Estamos diante de muitas
oportunidades, disse Alberto Broch , representante da Coprofam.
No ato, o
secretário Fernando Schwanke também destacou que a Reaf deste ano permitiu aos
gestores e outros participantes aprofundarem os conhecimentos sobre a
negociação dos últimos 20 anos que culminaram no Acordo Mercosul-UE e que este
tema será pauta obrigatória dos próximos encontros regionais da agricultura
familiar.
"O acordo é
uma grande oportunidade para estarmos preparados para competirmos dentro dos
nossos países e em outros lugares do mundo. A internacionalização é uma grande
oportunidade para a nossa agricultura, especialmente para os agricultores
familiares. O mundo precisa do Mercosul para se alimentar e vai precisar cada
vez mais da produção de alimentos dos nossos países para que não tenhamos o
problema da fome no futuro. Porém, é também importante que essa produção esteja
debaixo de um guarda-chuva que se chama desenvolvimento sustentável",
declarou Schwanke.
Participam da Reaf
representantes dos governos dos países do Mercosul, integrantes de entidades
públicas, privadas e cooperativas relacionadas à agricultura familiar e
estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
A programação da
Reaf 2019 se estenderá até esta sexta-feira (1º), com uma visita à Cooperativa
Aurora, com a participação de produtores integrados do oeste de Santa Catarina
que recebem assistência técnica privada e pública.
Fonte:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa
Data
de publicação: 31/10/2019
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