quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Brasil está sendo destruído

Há muitos anos vimos, insistentemente, apontando as mazelas brasileiras, deixando claro que o País não tem governo. Não tem política econômica e não tem ideia do que está fazendo. Estamos todos perdidos e poucos sabem o que fazer diante dessa situação. Menos, obviamente, quem está fazendo. O País está sendo destruído, passo a passo, e pouquíssimos percebem. Quanto mais falamos, pior ficam as coisas dia a dia. Serão nossos artigos os culpados da desgraça geral? Quanto mais rezamos, mais assombração aparece... Há pouco apontamos o que vem acontecendo, por exemplo, com a nossa empresa monopolista da energia automotiva. Uma empresa virtualmente quebrada, embora com todas as condições de ser a maior e melhor empresa de energia do mundo. Basta usar o cabedal de conhecimentos que já adquiriu, em conjunto com uma administração de fato, não política e interesseira. A empresa tem de ser privatizada já, sob pena de desaparecer. Ouso político de uma empresa desse porte e virtual capacidade – esta tolhida há muitos anos – é um crime inafiançável. Nem dizemos que ela vai quebrar, pois não se quebra o que está quebrado. Com tudo que se tira dela, poderia fazer tudo sozinha e ser a melhor. É preciso extirpar o uso político das coisas brasileiras. Há algum tempo, também, dissemos que o Brasil estará sem saída até 2020, num artigo intitulado "Brasil: buraco 2020". E assim por diante em muitas ocasiões e artigos. Amigos e colegas já nos disseram que fomos otimistas em excesso. Que pelo andar da carruagem, a hecatombe será muito antes. Sabemos disso: 2020 era uma data para não causar terremotos, mas nunca achamos que iríamos tão longe. Temos visto o que se tem feito com o País, em todos os sentidos, e dá pena do povo ingênuo, que não faz ideia da situação, e que não há saída se continuar tudo igual. Se continuarmos todos morando em Marte, se continuarmos alheios ao que ocorre, se continuarmos achando que não é problema de cada um de nós, não será mais, mesmo. No futuro não haverá com o que se preocupar: todos sabem que só pode haver preocupação com o que existe. Já percebemos de há muito que metade do orçamento da nação está comprometido em ações sociais. É a hecatombe. Em poucos anos – estamos novamente sendo de um otimismo extremo – não haverá dinheiro para nada. Nem para as ações sociais, nem para as aposentadorias, nem para os juros da impagável dívida e seus juros, que crescem exponencialmente, etc. Pobre país este em que o individualismo e o poder pelo poder prevalecem. E em que temos um Legislativo que não funciona. Ou melhor, funciona, sabemos como e para quem. Temos um Judiciário que nunca funcionou e parece, agora, querer entrar na rota certa. Será? Mas, até quando? Todos sabem que no Brasil não existem três Poderes. O que temos é apenas o Executivo, executando, legislando e "judiciando". Enquanto este grande acampamento –que talvez algum dia venha a ser um país, uma nação – continuar fazendo tudo igual, não haverá chance de resultado diferente. Enquanto o povo não compreender que tem o poder, que é ele que manda, continuaremos abismo abaixo. Mas, como perceber isso, com a atual política, com o atual povo, que olha o instante e não o minuto seguinte? Um povo em que o interesse individual é muito maior do que o interesse coletivo? Que quer viver de bolsa-esmola em vez de fazer o país crescer, com trabalho e desenvolvimento, quando há tudo por fazer? Como se costuma dizer, só percebemos o valor das coisas quando a perdemos. E só perceberemos isso quando não tivermos mais país. Quando não pudermos mais honrar os compromissos. Quando não houver recursos para nada. Convém lembrar que o Brasil não tem mais como mudar nada com aumento da arrecadação. Já temos a mais alta carga tributária do mundo, 36% do PIB, oficialmente, e conforme dizemos a nossos alunos e leitores, em realidade por volta de 50%. Ou seja, o limite já foi ultrapassado há muito. A consequência disso é que – juntamente com os maiores juros do planeta, a má administração dos recursos, a excessiva ingerência na economia, uma condução de pouca sabedoria – os investimentos são irrisórios, muito aquém do necessário. E, sem investimento não há crescimento. Assim, alguém ainda tem esperança desse país ser "alguém"? Ninguém tem, ou se ilude. Ou está ganhando com isso e não interessa que se mude. Pobre país, nascido rico, com um povo versátil, que tem tudo que os outros não tem, e no entanto, conseguimos ser o pior. Como é possível trabalhar com bons materiais e se produzir tanta porcaria? Samir Keedi é bacharel em economia, consultor e professor, autor de vários livros em comércio exterior. samir@aduaneiras.com.br Fonte: dcomercio.com.br Por: Samir Keedi

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