Ladrões aproveitam descuido de motoristas para levar veículos estacionados na zona norte da Capital
A hora do almoço, que deveria ser de descanso e tranquilidade, tem sido uma das mais tensas do dia para os caminhoneiros que estacionam nas proximidades da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), na zona norte de Porto Alegre. Por semana, segundo os próprios motoristas, dois caminhões são furtados na região do Porto Seco. E tanto faz para os bandidos se o veículo tem carga ou está vazio.
– A gente sabe que, quando estaciona, não pode tirar o olho. É piscar ,e eles levam – conta um dos caminhoneiros, que pediu para não ser identificado.
O medo dos motoristas é maior entre o fim da manhã e o início da tarde. Isso porque muitos já descarregaram suas cargas e aguardam para carregar o caminhão novamente. Nesse intervalo de tempo, ficam com os veículos estacionados, apenas esperando.
Em alguns postos, para permanecer num pátio com vigilância, os caminhoneiros pagam R$ 40 por dia. Os motoristas que não têm como pagar acabam deixando os veículos estacionados na rua. É aí que os ladrões se aproveitam.
– Eu paro aqui neste posto porque sou cliente. Não deixo o caminhão sozinho. Quando minha mulher viaja junto, um fica no caminhão enquanto o outro sai para comer ou tomar banho. O que não dá é para deixar o caminhão abandonado – comenta o caminhoneiro gaúcho Carlos Henrique de Vargas Chaves, 43 anos, que mora em São Paulo e viaja para Porto Alegre uma vez por semana.
Basta parar nos postos de combustíveis da Avenida Assis Brasil, próximo à freeway, para ouvir relatos de furtos. Em geral, os bandidos se aproveitam da distração dos caminhoneiros para levar o veículo. Na semana passada, dois motoristas perderam seu meio de sustento. Um levava uma carga de telhas, e o outro, uma de ferro. Outro profissional, além de ter tido o caminhão levado, foi vítima de extorsão pelos ladrões.
– Ele esqueceu o celular no caminhão, e os caras ligaram para ele. Pediram R$ 25 mil de resgate. Ele ofereceu R$ 18 mil, e os ladrões não quiseram – conta outro motorista, que pediu para não ser identificado.
– No Paraná, se tu não pagas, eles tocam fogo no caminhão. É difícil trabalhar assim – conta Chaves.
Bandidos chegaram a pedir resgate por veículo
Em 2009, o então titular da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos, delegado Heliomar Franco, fez uma operação para deter uma quadrilha especializada no furto de caminhões. No primeiro semestre de 2008, 98 veículos haviam sido furtados em Canoas. Durante seis meses, policiais investigaram a ação do bando, que desmanchava os veículos em São Leopoldo. Em 2012, os suspeitos foram absolvidos pela Justiça por falta de provas.
De acordo com o delegado Juliano Ferreira, hoje titular da delegacia especializada, os furtos acontecem também na Avenida Sertório e na Rua Voluntários da Pátria, tradicionais locais em que os caminhoneiros param para refeições e descanso. Na 22ª Delegacia da Polícia Civil, que abrange o Porto Seco e a Avenida Assis Brasil, em média três ocorrências de furto de caminhão são registradas por mês.
carolina.rocha@diariogaucho.com.br
CAROLINA ROCHA
Fonte: Zero Hora - RS
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