segunda-feira, 15 de julho de 2013
Inflação: ameaça que assusta
Um dos piores inimigos da sociedade brasileira foi a evolução da inflação, que começou com números modestos até atingir a hiperinflação no final da década de 1980 e prosseguiu até 1994.
O Plano Real, que freou tal escalada, pareceu um passe de mágica, mas ficaram sequelas, cuja característica principal foi a impossibilidade da consciência do que eram os preços relativos. É um estigma tal que até hoje não sei dizer o preço de um copo - R$ 1,00, R$ 5,00 ou R$ 10,00.
Dois grandes males foram a herança da hiperinflação. Um, a deseducação da população, pois comprar hoje era mais barato que amanhã. O outro, por total ausência de governos, as correções salariais passaram a ser lineares, o que aprofundou o desnível entre as diversas faixas, gerando abusos corporativos que distanciaram os que ganham pouco e os demais.
Por exemplo, R$ 1.000,00 de salário com inflação de 40% em cinco anos tornaram-se R$ 5.366,00; R$ 10.000,00 no mesmo período tornaram-se R$ 53.782,00. O andar de cima e o andar de baixo se consolidaram.
Infelizmente, agora o retorno da inflação, ainda que em patamares baixos, despertou a velha memória nociva de ontem. Por exemplo, já começa a estabelecer-se índice de correção de 20% sem qualquer base técnica. Isso em 30 dias.
Infelizmente, o governo tem sido muito passivo com o desequilíbrio das contas públicas e continua confundindo bondade (que se faz com o próprio bolso) com justiça ao tentar fazê-la com o dinheiro do Tesouro Nacional, que, “ao natural”, cobre os rombos orçamentários causados pelo corporativismo e as exigências das centrais sindicais.
Ainda há tempo para impedir a perda de controle do processo inflacionário, mas o sinal já está no amarelo-piscante.
Se o pior acontecer, será uma derrota da presidente Dilma Rousseff, pois será interpretada como uma negação da sua promessa de “inflação nunca mais”... e uma tragédia nacional.
Empresário
Fonte: Jornal do Comércio - RS
Por: Paulo Vellinho **
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