Segunda, 23 Junho 2014 18:16
São Paulo pode ganhar hidrovia na represa de Guarapiranga
Escrito por Redação Portogente
Trajetos que hoje podem demorar mais de duas horas para serem feitos se
reduzindo a até 20 minutos e a melhoria da ligação entre uma zona populosa de
São Paulo – com mais de 2 milhões de habitantes - e o restante da cidade são
dois destaques da Lei 10.060/14, sancionada, na última semana, pelo prefeito
Fernando Haddad. A lei cria o sistema hidroviário de transportes do município,
e surge em um contexto de crise na mobilidade urbana na capital, com as
recentes greves de metrô e ônibus e o volume de congestionamentos em alta
constante – com direito ao recorde histórico do ultimo dia 23 de maio, quando a
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou 344 km de lentidão. A nova
norma surge em sintonia com iniciativas adotadas pela Prefeitura como o bilhete
único mensal e a implementação de corredores de ônibus. Prevê inicialmente a
implementação de transporte de passageiros na represa de Guarapiranga,
contemplando a seguir a represa Billings e os rios Pinheiros e Tietê.
A cidade deverá passar a contar, a partir de 2015, com um sistema de
portos distribuídos na represa de Guarapiranga, em bairros como Grajaú,
Pedreira, Jardim Angela e Colônia Parelheiros. A pedido da Prefeitura, o
projeto que originou a lei, 54/2013, de autoria do vereador Ricardo Nunes (PMDB),
incluiu a previsão de conexão ao bilhete único. Com a medida, a partir de
estudos da Prefeitura e do Governo do Estado, será permitido aos passageiros
fazer conexão ao sistema de ônibus e às redes de CPTM e Metrô – por exemplo,
alguém que vive no Grajaú poderá tomar a embarcação e se integrar com mais
rapidez à linha 9-Esmeralda da CPTM, que margeia o rio Pinheiros.
Segundo Ricardo, o projeto se tornou lei em momento em que a questão da
mobilidade urbana é um dos principais desafios de São Paulo. Com uma frota de
mais de 7 milhões de veículos e um sistema viário insuficiente, a cidade poderá
sair na frente na construção de uma alternativa eficiente, barata e
ambientalmente adequada. O vereador é nascido e criado na zona sul e afirma que
construiu a proposta a partir da constatação das dificuldades de moradores,
empresas e toda a infra-estrutura da região.
O projeto foi elaborado a partir de estudos com o apoio do grupo
Metrópole Fluvial, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
São Paulo (Fau-USP). Para o professor Alexandre Delijaicov, a nova lei se
insere também no contexto de planejamento urbano e destinação de resíduos.
“Permite visão sistêmica da cidade, com preservação e integração aos corpos
d´água, envolvendo questões de transporte e saneamento”, disse. Segundo
Delijaicov, o projeto cria também condições para enfrentamento da questão do
descarte de cargas públicas – como entulho de obras realizadas pelo município –
sem danos ambientais.
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