Segundo
dados do Censo do Investimento Estrangeiro Direto de 2012, o estoque de
investimentos japoneses no Brasil passa de US$ 31,29 bilhões. Isso
representa pouco mais de 5% do IED total no país. Só nos últimos cinco
anos, o volume chegou a US$ 20 bilhões. "Nos últimos quatro anos, nossa
carteira de clientes no país triplicou", diz Toshifumi Murata,
presidente do Banco de Tokyo Mitsubishi UFJ. Para Murata, a
desaceleração da economia brasileira não deve afetar os investimentos
japoneses no país no longo prazo. "O desaquecimento é momentâneo e as
empresas do Japão devem ver o Brasil como uma oportunidade de futuro."
Grande parte desses recursos investidos hoje vem da indústria
automobilística. O país é visto como um mercado estratégico pelas
montadoras japonesas. E apesar do desaquecimento da economia, elas
continuam apostando no longo prazo. "Vamos dobrar nossa capacidade de
produção para 240 mil veículos por ano, até 2020", conta Paulo Takeoshi,
diretor-executivo da Honda South America. Para isso, a empresa investiu
R$ 1 bilhão na construção de uma segunda fábrica no país, em Itapirana
(SP). Segundo ele, a empresa espera ocupar plenamente essa capacidade
até lá e pretende aumentar o nível do conteúdo nacional nos veículos,
que hoje é de 60%. Para isso, a Honda inaugurou no começo do ano um novo
centro de pesquisa e desenvolvimento, em Sumaré (SP), num investimento
de R$ 100 milhões. "Nos próximos anos, queremos chegar ao mesmo nível de
conteúdo nacional das nossas motos, de 90%", diz. A montadora também se
volta para o mercado de energia. Por meio de uma subsidiária, a Honda
Energy do Brasil, a empresa investirá R$ 100 milhões em um parque eólico
com capacidade de geração de 95 MW/ano no Rio Grande do Sul. A energia
gerada por nove turbinas eólicas vai suprir 100% da demanda de uma das
fábricas da companhia e reduzirá em 30% as emissões de CO2 da unidade de
produção de Sumaré. A Toyota não fica atrás. A empresa vai investir R$ 1
bilhão em uma linha de produção de motores no país. A nova planta
entrará em operação em 2016. Inicialmente, a fábrica de Porto Feliz (SP)
produzirá os motores do modelo Etios, e mais tarde também vai produzir
motores para o Corolla. "Temos uma perspectiva de longo prazo e sabemos
que o mercado voltará a crescer. Vamos esperar o momento certo", explica
Ricardo Bastos, gerente-geral de relações públicas e assuntos
governamentais da Toyota do Brasil. Bastos acredita que o regime
automotivo do programa Inovar Auto, que vigora até 2017, é uma medida
importante para o desenvolvimento do setor. O programa permite a redução
de até 30 pontos na alíquota do IPI dos carros produzidos no país, para
as empresas que cumpram metas de investimento em pesquisa e
desenvolvimento. "No longo prazo, seria interessante criar um regime
tributário para o setor que premiasse a eficiência energética, o baixo
consumo de combustível, por exemplo", diz. "Isso criaria um ambiente de
concorrência saudável e estimularia práticas sustentáveis." A Mitsubishi
também tem planos para o país. A empresa pretende investir R$ 1 bilhão
na construção de uma fábrica de motores em Goiás. No entanto, os
interesses do conglomerado japonês no Brasil não se limitam ao mercado
automotivo. Por meio de suas subsidiárias, o grupo tem atuado em
segmentos como construção naval, equipamentos para a indústria
petroleira e mineração, entre outros. De acordo com a Mitsubishi
Corporation, o Brasil é um mercado de grande potencial de crescimento
futuro, especialmente na exploração de recursos naturais. A expansão da
classe média no país também chama a atenção da empresa, pela
possibilidade de desenvolvimento do mercado consumidor no país. Outro
segmento que vem atraindo o investimento japonês é o de equipamentos
médicos. Recentemente, a Horiba, especializada no desenvolvimento e
produção de instrumentos de medição e análise, investiu R$ 20 milhões em
uma nova fábrica de reagentes em Jundiaí, por meio da Horiba Medical
Brasil. A nova planta é a quinta unidade de produção de reagentes da
multinacional japonesa no mercado global, e também a mais moderna.
"Vamos atender o prioritariamente o mercado brasileiro e sul-americano",
diz Hamilton Ibanez, diretor-geral da Horiba do Brasil. "O passo
seguinte é certificar nossa produção para exportação para mercados como
Europa e Estados Unidos." Ibanez explica que, no entanto, a
possibilidade de fabricar equipamentos no Brasil está descartada no
curto prazo, por causa do cenário de instabilidade cambial. "No longo
prazo, temos planos de nacionalização, não só de equipamentos. Hoje, até
nossas embalagens são importadas", afirma.
Valor Econômico
19/08/2014
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