quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Diplomacia do país crê em desfecho favorável na OMC


A diplomacia brasileira considera que a sustentação da defesa do programa Inovar-Auto na Organização Mundial do Comercio será difícil, mas crê em um desfecho favorável para o caso. Como o Valor PRO antecipou na sexta-feira, a União Europeia (UE) denunciou formalmente o Brasil na OMC por concessão de subsídios que considera ilegais para vários setores da economia. Esse seria, segundo a avaliação de especialistas no setor, o maior litígio comercial já enfrentado por Brasília. A principal contestação da UE foi ao Inovar-Auto, que tem validade até 2017 e oferece desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a montadoras que se comprometeram com planos de investimento no Brasil. Assessores presidenciais afirmam que o governo não cogita mudar o programa por causa do painel aberto na OMC. A avaliação oficial é que nenhuma decisão de Genebra será implementada antes de 2017 - se os europeus saírem vitoriosos no painel, ainda existe a possibilidade de apelação por parte do Brasil. Segundo uma fonte do governo ouvida pelo Valor, o objetivo dos europeus seria apenas garantir que o Inovar-Auto não seja prorrogado. Em um gesto para não deteriorar as relações com o Brasil, que envolveu negociações de bastidores, a União Europeia desistiu de incluir na contestação as vantagens fiscais concedidas pelo governo brasileiro às empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. De todos os questionamentos feitos pela UE durante o período de consultas no primeiro semestre, esse era o ponto que mais irritava a presidente Dilma Rousseff. Nos bastidores, o governo mandou um recado muito claro aos europeus: mesmo se sofresse uma condenação na OMC, não recuaria nas políticas voltadas ao polo industrial de Manaus, que tem caráter de "segurança nacional" e "desenvolvimento regional". As duas partes chegaram à conclusão de que, caso os questionamentos à Zona Franca de Manaus fossem levados adiante, não se chegaria a lugar nenhum e o desgaste para as relações diplomáticas seria enorme.
Valor Econômico
31/10/2014

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