Brasil
e Argentina assinam acordo automotivo no âmbito do Mercosul
O Brasil e a
Argentina assinaram um acordo automotivo no âmbito do Mercosul, com vistas à
liberação completa desse setor até 2029, quando entrará em vigor o acordo com o
bloco e a União Europeia. O documento foi assinado pelo ministro da Economia do
Brasil, Paulo Guedes, e o ministro da Produção e Trabalho da Argentina, Dante
Sica. A solenidade ocorreu nesta sexta-feira (06/09), no prédio histórico do
Ministério da Fazenda, no centro do Rio, onde Guedes costuma despachar quando
está na cidade.
O ministro disse que
vai abrir a economia do Brasil. "Com acordos bilaterais, cada vez mais
abrangentes, de forma que tenhamos tempo de fazer nossas reformas.
Simplificação de impostos, desoneração de folhas de pagamento, de forma a
aumentar a competitividade da indústria brasileira", disse. A intenção,
segundo Guedes, é abrir e integrar a economia brasileira às cadeias globais, ao
mesmo tempo em que se aumenta a competitividade.
Dia
importante
O ministro argentino
disse que foi um dia muito importante para ambos os países, pois o documento dá
estabilidade ao setor automobilístico, principal pauta industrial entre Brasil
e Argentina. Ele disse que o setor carecia de um acordo mais amplo, sem precisar
ser ratificado periodicamente.
"O setor
automotivo é cerca de 50% do comércio com o Brasil. É um setor que vínhamos,
nos últimos 20 anos, a cada dois ou três anos, renovando acordos e não dando
previsibilidade. Avançamos em acordos com a União Europeia, avançamos com o
México. Vamos incorporar o setor automotivo ao Mercosul, para que não tenha
nenhum problema de competitividade para nenhuma de nossas indústrias",
disse Dante Sica.
O ministro argentino
disse que tanto Argentina quanto Brasil estão em um processo de integração
inteligente de ter maior conexão com o resto do mundo. "[O acordo] vai dar
maior competitividade e criação de empregos", disse.
O novo acordo
automotivo entre os dois países foi firmado no âmbito do Acordo de
Complementação Econômica nº 14 (ACE 14). O protocolo prorrogará, por tempo
indeterminado, a vigência do acordo automotivo bilateral, previsto,
anteriormente, para durar até 30 de junho de 2020.
Flex
Um dos itens
acordados é a paulatina mudança no flex,
um fator que regulava o quanto o Brasil poderia exportar sem tarifas para a
Argentina, fazendo uma relação entre o exportado e o importado, explicou o
secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia do Brasil, Lucas
Ferraz.
"A ideia é que,
gradualmente, nos próximos dez anos, haja uma flexibilização do regime flex.
Atualmente, temos um flex de 1,5. Ou
seja, para cada 1,5 dólar exportado pelo Brasil, nós devemos importar 1 dólar.
De 2015 a 2020, esse flex já sobe
imediatamente de 1,5 para 1,7. De forma gradual, ao longo dos 10 anos
seguintes, contados a partir de julho de 2019, vamos evoluindo de 1,7 para 1,8,
até 2023, 1,9 em 2025, 2,0 em 2027, 2,5 em 2028. Em 2029, passa a ser 3,0. A
partir de 1º de julho de 2029, Brasil e Argentina entram em um livre comércio
automotivo, sem quaisquer condicionalidades", disse Ferraz.
Exportações
O Ministério da
Economia explicou que a Argentina é o maior destino das exportações brasileiras
de produtos automotivos. Em 2018, a corrente de comércio de produtos do setor
totalizou US$ 13,4 bilhões (redução de 9,8% com relação a 2017), o que
correspondeu a 51,6% do comércio total entre os dois países. Com exportações no
valor de US$ 8 bilhões e importações no valor de US$ 5,3 bilhões, o comércio de
produtos automotivos resultou em superávit de US$ 2,7 bilhões para o Brasil.
Guedes e Sica
explicaram que o novo acordo proíbe concessão de futuros subsídios pelos
estados brasileiros e províncias argentinas a fábricas e montadoras, sob pena
de perderem as facilidades previstas. Com isso, a competitividade deixará
ocorrer por meio da isenção de impostos, evitando guerras tributárias entre
estados, e se dará por meio de quem oferecer melhor logística de transporte,
oferta de energia e qualidade de mão de obra.
Fonte:
Agência Brasil
Data
de publicação:06/09/2019
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