terça-feira, 15 de março de 2011

Mercado global passa por transição e Brasil precisa se adaptar, aponta estudo do Ipea

Vera Gasparetto
de Florianópolis/SC

Foto: www.campoaberto.pt
O mercado global passa por uma transição para uma economia menos dependente de recursos naturais e alteração nos padrões de consumo e produção, rumo à sustentabilidade, à chamada green economy e o Brasil precisa aproveitar essa onda e se posicionar na vanguarda dessas mudanças, fazendo um debate com a sociedade pra definir as políticas públicas. Esse é um das indicações do estudo “Comércio Internacional e a Sustentabilidade Socioambiental no Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e apresentado nesta terça-feira (22), em Brasília.

O estudo tem como ponto de partida o modelo brasileiro de exportações, os potenciais e limites de exploração do meio ambiente, o custo econômico, ambiental e social do Brasil como exportador de recursos naturais e a sustentabilidade na absorção dos resíduos que gera dentro do país.

Os problemas se destacam na questão ambiental e social, já que 50% da pauta exportadora do País são de recursos naturais de alto impacto (minério, terra e energia), que podem acabar ou fazer falta no futuro. Ainda que na economia tenham uma melhor elasticidade de renda, esses recursos crescem numa velocidade menor do que outros produtos, com menor conteúdo tecnológico, menos subprodutos, e menos geração de emprego e valor agregado, além da tendência histórica na queda dos valores das commodities.

O trabalho degradante é outra preocupação nesse setor, especialmente na área da cana de açúcar e do carvão, alerta o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e autor do estudo, Jorge Hargrave. “Além de problemas de saúde relacionados a agrotóxicos, com intoxicação dos trabalhadores e resíduos despejados na natureza”.


No mercado de commodities, onde o Brasil é um fornecedor histórico de produtos naturais, os benefícios são econômicos, de geração de emprego, vetores de desenvolvimento no interior do País e geração de divisas. Na questão ambiental, competir no mercado externo leva a incorporar novas tecnologias e padrões de produção mais limpos.

O comércio internacional se dá entres países distintos, sendo que nos países periféricos são produzidos os produtos de baixa tecnologia, extraídos do meio ambiente, sem considerar a capacidade finita de produzir recursos e absorver resíduos. Hargrave observa que os benefícios econômicos são privatizados, enquanto os impactos ambientais são socializados, fazendo com que a sociedade pague o preço.

O estudo mostra que a fonte da emissão de poluentes é de quem produz, mas também de quem consome. “De nada adianta a produção limpa se há um excesso de consumo de produtos desenvolvidos em outros países, levando ao aumento da exploração de recursos naturais dos países pobres”.

15/03/2011

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