quarta-feira, 10 de abril de 2013
Sensores eletrônicos são alternativas para substituir balanças em rodovias
Governo federal planeja implantar, ainda em 2013, equipamento para fiscalizar caminhões.
Diante de uma rede de balanças de pesagem de caminhões precária, depredada e insuficiente, sensores eletrônicos são a mais nova esperança governamental para diminuir a buraqueira nas estradas brasileiras. O equipamento está em fase de testes no Estado.
O engenheiro Celso Afonso de Oliveira, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado, afirma que o plano da autarquia para 2013 é instalar os sensores eletrônicos nas rodovias, que substituirão, gradualmente, as balanças. Eles vão medir peso e dimensão do caminhão, mesmo com veículo em movimento.
Vital para o controle de cargas de caminhões — o excesso de peso é um dos principais fatores para a rápida deterioração da malha rodoviária —, a rede de balanças conta hoje com 13 equipamentos móveis e fixos em funcionamento no Rio Grande do Sul. Deveriam existir mais 18, estima o próprio órgão responsável pela implantação, o Dnit. Nas estaduais, apenas uma funciona.
O professor da Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jorge Augusto Pereira Ceratti está otimista. Integrante do Laboratório de Pavimentação da universidade, ele acredita que os sensores de medição de carga em alta velocidade dispensam as balanças móveis convencionais e as fixas. O engenheiro e também professor da UFRGS João Fortini Albano admite que os sensores eletrônicos serão muito úteis, mas não dispensam balanças, ressalva. É que os sensores dão até 15% de diferença no peso, enquanto as balanças têm precisão de 98%, assegura.
— E o caminhão deve ser parado para gerar a multa, então é preciso, após a detecção de sobrepeso pelo sensor, levar a carreta até uma balança — pondera Albano.
Ceratti tem outra avaliação:
— Não tenho conhecimento de que seja impreciso. Tanto que está sendo testado na freeway, sem problemas aparentes.
Veja gráficos, vídeos e fotos das condições de rodovias gaúchas
Irregularidades sepultaram plano de fiscalização
Uma cadeia de problemas contribuiu para sepultar um ambicioso plano de fiscalização dos excessos de carga, idealizado na última década. Um edital que previa uma centena e meia de balanças foi cancelado por suspeita de irregularidades, algumas já implantadas apodrecem a céu aberto.
Foram investidos R$ 262 milhões na primeira etapa do Plano Diretor Nacional Estratégico de Pesagem (DNEP), com possibilidade de renovações de contrato. Isso resultou, entre 2005 e 2007, na implantação de 77 balanças no país.
A segunda e derradeira etapa, para a colocação dos outros 161 postos de pesagem (94 fixos e 67 móveis), acabou suspensa após auditoria realizada entre junho e setembro de 2011 apontar irregularidades no edital, que vão desde a falta de controle em repasses para elaboração do projeto básico até sobrepreço no orçamento.
A licitação foi anulada por recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU). A CGU alega que inconsistências na composição de custo unitário geraram superestimativa de custo da ordem de R$ 10,9 milhões. Foram detectados indícios de sobrepreço no custo do concreto, sobrepreço na brita e areia e nos blocos pré-moldados. A isso se soma prejuízo de R$ 126 milhões decorrente da suspensão dos serviços de envio postal das multas por infrações ocorridas nos postos de pesagem (a estimativa é do próprio Dnit). A suspensão se deu em razão do não pagamento, pelo Dnit aos Correios, de seis faturas que totalizavam R$ 2,5 milhões.
Nas rodovias federais do RS, pelo menos seis balanças deixaram de funcionar ou nunca funcionaram, mesmo com postos construídos. O superintendente do Dnit no Rio Grande do Sul, Pedro Luzardo Gomes, diz que a maioria dos postos de pesagem surgiu em 1984 e teve equipamento trazido da Alemanha, mas retido nos portos por problemas de importação.
O Dnit informou que a licitação não será retomada. De acordo com o órgão, as 77 balanças licitadas no país operam normalmente. Não há problemas com o envio de quaisquer notificações , seja por excesso de peso ou de velocidade — o envio de multas pelos Correios foi normalizado.
Os três tipos de pesagem:
Sensores eletrônicos - O caminhão passa em qualquer velocidade, até 200 km/h, e o sensor acusa se há excesso de peso, de acordo com o modelo do veículo. Caso mostre infração, o caminhão é parado posteriormente, multado e tem sua carga retirada, antes de prosseguir viagem. Uma câmera de vídeo grava a imagem do veículo, para poder identificá-lo, em caso de infração.
Como funcionam
- Os sensores de alta velocidade consistem em laços sob o pavimento ligados a células de carga, que medem a pressão do pneu sobre um dispositivo eletrônico, sem uso da balança tradicional de metal embutida num posto de pesagem.
- Tudo conectado a um sistema de computação de dados. Isso torna possível monitorar muito mais veículos suspeitos do que ocorre com as balanças fixas, sem congestionamentos. A desvantagem é a imprecisão, que seria de até 15%. A estimativa é de que custe R$ 300 mil por ponto.
Balança fixa - O caminhão entra no posto, passa por pré-pesagem e se estiver dentro dos limites de peso permitidos, é liberado. Se não, é pesado em uma balança fixa. É então multado e forçado a retirar a carga excessiva. Depois pode seguir viagem. A estimativa é de que a estrutura custe R$ 7 milhões por ponto (com as duas balanças, móvel e fixa).
Balança móvel - O caminhão passa em baixa velocidade (até 6 km/h) pelo posto de pesagem. Evita paradas, e os veículos podem retornar à rodovia com apenas uma mudança de marcha, exceto nos casos de violação. Se estiver com excesso de peso, é multado e obrigado a retirar a carga excessiva. Depois pode seguir viagem. A estimativa é de que custe R$ 3 milhões por ponto.
Como funcionam as balanças
As balanças fixas e móveis de baixa velocidade consistem de equipamentos metálicos fixados numa plataforma de concreto, com sensores. O equipamento está colocado a uma profundidade de até 45 cm. A vantagem é a maior precisão: erro de apenas meio por cento nas fixas, estima o especialista João Fortini Albano, e de 1,5%, nas móveis de baixa velocidade.
FONTE: ZERO HORA
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