segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Brasil importa 20% menos da Argentina e agrava crise vizinha


Com o desempenho fraco da economia brasileira, será mais difícil para a Argentina sair da crise. O Brasil é o principal destino das exportações argentinas, responde por um quinto de tudo o que o país vende ao exterior. No primeiro semestre deste ano, porém, as compras brasileiras de produtos argentinos caíram 20%. A redução tem um impacto relevante nas contas argentinas, porque o Brasil compra quase 90% do trigo produzido no país e mais de 80% dos automóveis fabricados por lá. Estes são os mais importantes produtos da pauta exportadora da Argentina. De janeiro a junho, o Brasil comprou 50% menos trigo argentino e 28% menos automóveis do vizinho. O estrago é tamanho que a imprensa argentina chegou a afirmar que o menor PIB brasileiro é mais danoso do que o calote da dívida externa. O jornal "Perfil" publicou reportagem, sem citar fontes, dizendo que os técnicos do governo que "olham a economia real" afirmam que o estancamento brasileiro preocupa mais do que o calote. São citadas a previsão de crescimento do PIB brasileiro, inferior a 1%, e a queda da produção industrial. "O número é 2%. Quando o Brasil cresce abaixo disso, as exportações argentinas quase não se mexem", diz o diretor da consultoria Abeceb Dante Sicca, ex-secretário de Indústria argentino. Para ele, a Argentina precisa se preocupar tanto com a dívida quanto com o Brasil, mas, no segundo caso, "não pode fazer nada". A queda das compras brasileiras da Argentina é mais intensa do que o recuo total das importações (-3,8%). No caso do trigo, segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB, não foi possível comprar mais porque a produção e as vendas do vizinho encolheram. Segundo a Secretaria de Agricultura da Argentina, o estoque disponível de trigo para exportação caiu à metade nesta safra, para 1,5 milhão de toneladas. O Brasil, que comprará cerca de 5,5 milhões de toneladas de trigo no exterior neste ano, teve que trazer cereal dos Estados Unidos. Para Daiane Santos, da Funcex, a queda da importação de carros se explica pelo recuo nas vendas no Brasil. "Nossa desaceleração piora o cenário para a Argentina", afirma Castro. Para ele, porém, a crise pode baratear produtos do vizinho e ajudar as vendas externas do país. 
Folha de São Paulo
04/08/2014

Um comentário:

  1. A reportagem mostra uma grande dependência da Argentina com relação ao Brasil, já que grande parte de suas exportações mais importantes vem para o Brasil. Isso é um problema para a Argentina, já que se o Brasil não atinge um crescimento favorável do PIB, compra menos do que o esperado, ficando a Argentina no prejuízo. Vemos que a Argentina, apesar da crise que vem enfrentando, ainda busca estabelecer novas parcerias, sendo uma delas a parceria com a China, que declarou querer investir no país. Isso pode ser preocupante para o Brasil, que pode ter sua relação com a Argentina prejudicada.
    Marcela Faggiani P. Oliveira - 4º COMEX/manhã FATEC/ZL (05/08/2014)

    ResponderExcluir

Galeria de Vídeos